Presente nos processos de formação ou revelação de jogadores que estão em destaque no futebol brasileiro da atualidade, como Paulinho, do Barcelona e da seleção brasileira, Mateus Vital, do Corinthians, e Evander, do Vasco, o técnico Caio Zanardi faz parte de uma nova geração de treinadores do país, muito preocupada com a formação acadêmica e estágios ao lado de grandes nomes internacionais. Este profissional de 44 anos, no entanto, “extrapolou” o gosto pelos cadernos, aulas e matérias e vai se formar este ano na faculdade. De gastronomia
Zanardi está no último período do curso em uma universidade da capital paulista. O gosto pessoal por comida e culinária se transformou no rigor da busca por notas e atualização profissional quando ele estava trabalhando no Desportivo Brasil, em São Paulo. Durante o tempo da faculdade, ele passou pelo Atlético-MG (sub-23 e sub-20), e mesmo assim não desistiu do curso. Inspirado no veterano Levir Culpi, ele pensa em ser proprietário de um restaurante no futuro. Com a diferença de que ele mesmo irá para a cozinha.
“Eu gosto de um bom vinho e um bom prato. Vem dos meus avós essa paixão. Sempre cozinhei e hoje minhas matérias favoritas são enologia e cozinha italiana. As outras eu preciso fazer para concluir o curso mesmo, como cozinha francesa, asiática, antropologia. Mas meu ponto forte são aquelas duas”, se diverte o treinador, que admite ter um “perfil bem diferente dos outros alunos da faculdade” e (ainda) não pensa em se inscrever num desses programas de culinária que estão na moda na TV, como Masterchef.
“A gastronomia está em alta, tendo um espaço muito maior do que antigamente. Mas para mim é difícil conciliar horários para participar de programas de TV com minha rotina de clube, né? Deixa que eu fico com o stress de cobrança de resultado, pressão de torcedor, clube, dirigente, imprensa, e ao mesmo tempo a tranquilidade da cozinha, de usar para desestressar, entrar em harmonia, relaxar e recuperar as baterias. Cozinha para mim é isso, pressão deixa para o futebol (risos)”
Campeão pela seleção Jogador com passagens pelas categorias de base de São Paulo e Corinthians, Caio Zanardi iniciou a carreira fora dos gramados já em 1999, aos 26 anos. Ele passou pela base do Palmeiras, pelo Palmeiras B, pelo Pão de Açúcar (depois Audax), pelo FC Vilnius, da Lituânia (nos dois clubes participou da formação de Paulinho), pelo Paulista de Jundiaí e pelo Al-Nasr, dos Emirados Árabes, onde desempenhou a função de coordenador da base por seis temporadas. Na sequência, foi contratado pela CBF como técnico da seleção sub-15 e rapidamente subiu para a seleção brasileira sub-17.
No Brasil ele comandou uma geração de jogadores nascidos em 1998 e alcançou o título do Sul-americano sub-17 de 2015. Passaram por suas mãos jogadores como Evander, Andrey e Alan (Vasco), Léo Santos e Mateus Vital (Corinthians), Lincoln e Jean (Grêmio), Kleber (Flamengo), Leandrinho (Napoli) e Ramon (Fluminense, que negociou com o Real Madrid). Caio Zanardi acabou demitido da seleção antes mesmo de disputar o Mundial sub-17 daquele ano. O trabalho durou entre 2013 e 2015.
Técnico da nova geração Depois da seleção brasileira sub-17, Caio Zanardi comandou o Fort Lauderdale Strikers, time de Ronaldo nos Estados Unidos, o Desportivo Brasil, além do Atlético-MG sub-23 e sub-20, inclusive na Flórida Cup de 2018, e novamente o Desportivo Brasil, pelo qual disputou a Série A3 do Campeonato Paulista como técnico do time principal em 2018. Em meio aos torneios e experiências, ele concluiu a Licença A do curso de treinadores da CBF, a International License da Federação Inglesa, e fez estágio com treinadores ao redor do mundo: Louis Van Gaal no Bayern de Munique, Carlo Ancelotti no Milan, Fábio Capelo na seleção da Inglaterra e o brasileiro Felipão no Bunyokdor do Uzbequistão, que ajudaram a desenvolver uma metodologia própria de trabalho.
“Cada clube tem uma proposta própria e um objetivo pessoal. Quando eu trabalhei no sub-23 do Atlético-MG devia buscar jogadores que estavam emprestados e formar para a equipe profissional, não tinha muitos jogadores à disposição e isso foi melhorando com os meses de trabalho. No Desportivo era outro projeto, outra situação. Mas quando eu tive que colocar uma metodologia própria é aquela que fui formado como atleta em São Paulo e Corinthians: equipes que propõem o jogo. Nos times grandes que trabalhei também é isso, pressionar o adversário, linha alta, posse de bola e agressão no último terço, buscar o resultado a todo instante, esse é meu estilo”, relata o treinador.
O plano de Caio Zanardi agora é entrar no mercado dos técnicos da nova geração, a exemplo de Fábio Carille, Jair Ventura, Zé Ricardo ou Fernando Diniz. “Participei de todas as categorias de base até chegar em equipes principais, tudo o que eu poderia conquistar e fazer na base, conquistei. Então nesses últimos anos já estou na transição para o profissional, Em 18 anos passei desde avaliação, meu primeiro trabalho no Palmeiras, até seleção. Vivenciei de tudo e agora estou buscando um mercado novo, de treinadores novos que estão conseguindo seu espaço.”
Fonte: Uol